quinta-feira, 8 de outubro de 2009

No caminho...

Tenho caminhado bastante e ao meu lado muita gente guerreira. Muitos "Maiskóvskis", que merecem muito mais do que meu respeito, merecem minha admiração! Pessoas fortes, que se entregam de coração e mente à suas causas, à construção de uma vida melhor pra todos. Enfim, eita povo pra lutar!!!
Mas vez ou outra me deparo com situações que me deixa um tanto triste, um tanto preocupada. Pessoas amedrontadas, que parecem ter sido feitas pra obedecer ordens, sem contestar. Mesmo que essas ordens sejam prejudiciais e sem sentido. Mesmo que sejam prejudiciais ao grupo que elas pertencem.
Alguns podem pensar: Poxa Valéria, muitas vezes precisamos engolir sapos, é a vida!
Sei disso, nem sempre podemos vencer todas, nem sempre podemos falar o que pensamos. Sei disso e engulo bem os meus.
O que me incomoda é que está acontecendo nas escolas, educadores cada vez mais acuados, amedrontados. E penso que a educação é um intrumento pra liberdade. Educar pra ser livre, pra contruir um país melhor, uma vida melhor pra todos. O conhecimento é fundamental pra dignidade, pra consciência do ser humano.
Fico pensando, como posso ensinar algo se não conheço? Como posso ensinar direitos e deveres se não luto pela garantia dos meus? COmo posso querer autonomia na educação se não me imponho enquanto um ser autônomo?
Bom, digo tudo isso porque hoje mais uma vez me deparei com uma situação lamentável e dessa vez senti vontade de escrever sobre ela. Ainda mais porque assim que o ocorrido se deu, desci pra minha sala, abri meu caderno e procurei por uma poesia que sabia estar lá, No caminha com Maiakóvski de Eduardo Alves da COsta. A poesia é ótima, mas quero deixar registrado aqui dois trechos dela que me fez forte nesse momento.

"...Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz,
e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada."

"...E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!"


Em mim tudo grita, tudo precisa ser dito. O silêncio me incomoda. Mas espero, e fico de verdade feliz, se pelo menos o coração de alguns ainda grite!

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