quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Adeus ano velho! Feliz ano novo!

Adeus ano velho! Feliz ano novo!
Que tudo se realize no ano que vai nascer...
Muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender!

Para os solteiros, sorte no amor!
Nenhuma esperança perdida.
Para os casados, nenhuma briga!
Paz e sucesso na vida!



Essa música foi a trilha de todas as comemorações da chegada do novo ano, desde pirralha!
Eu sempre adorei...
Todos comemorando, estourando uma champanhe e cantando bem alto para felicitar o ano que estava nascendo!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Dia de limpeza

Poucos dias faltam para 2010 e hoje foi o dia de limpar.
Limpar a casa, tirar dos armários o que já não mais usamos. Tirar da alma o que já não é mais nosso.
Algumas coisas vão para o lixo, outras podem servir para alguém.
Sinto o ar mais leve e preparado para o novo. Este sempre vem mas é bom preparar o terreno.
Só por isso já entendo a importância dessa nossa contagem que separa o tempo em anos!
Felicidade em 2010! 2009 foi um ano de muito aprendizado, gracias!

A trilha sonora da limpeza foi Cartomante, uma música do Ivan Lins e Victor Martins que foi brilhantemente interpretada pela Elis. Ouvi 157 vezes. rs...



Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja
Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Haja o que houver pense nos seus filhos

Não ande nos bares, esqueça os amigos
Não pare nas praças, não corra perigo
Não fale do medo que temos da vida
Não ponha o dedo na nossa ferida

Nos dias de hoje não lhes dê motivo
Porque na verdade eu te quero vivo
Tenha paciência, Deus está contigo
Deus está conosco até o pescoço

Já está escrito, já está previsto
Por todas as videntes, pelas cartomantes
Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
No jogo dos búzios e nas profecias

Cai o rei de Espadas
Cai o rei de Ouros
Cai o rei de Paus
Cai não fica nada.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Paulinho da Viola falando do tal amor...

...que vem batendo em minha porta e eu bem estou abrindo! E me faz alegre!

Noto pelo seu procedimento
Que o seu coração
Acabou encontrando
Quando eu falo no nome dela
Você sorri, seus olhos ficam brilhando
Amor é assim, faz tudo mudar
É só alegria, tristeza não tem lugar

Não é preciso mentir pra ninguém
E muito menos para mim que já sou seu amigo
Pela felicidade que ele contém
Esse seu amor já não corre perigo
Sei o que é gostar de alguém
E chorar de saudade eu já chorei
Desejo que ela permaneça
Dentro do seu coração e que a felicidade
Não esqueça de vocês


Amor é assim - Paulinho da Viola

E que venha 2010!!!

Com muito axé, amor, saúde, amor, paz, amor, prosperidade e mais um cadinho de amor!!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Algumas reafirmações...

- O espírito natalino me irrita, ele faz das pessoas consumidores compulsivos e irracionais.

- Eu admiro a magia e a beleza da crença infantil (ou não) no Papai Noel.

- O Lula comanda muito! O homem do ano de 2009! Eu já sabia!

- Quando me apaixono quero mostrar isso todo tempo, sinto medo, sinto felicidade, sinto raiva, sinto amor, sinto tudo ao mesmo tempo e as palavras entalam na garganta.

- Sou uma chorona. Me emociono até com propaganda comercial.

- Sou exigente pra caramba. E acho isso bom!

- Gosto do vai-e-vem da vida

- A Malu é a moleca mais linda e querida e dá sentido à minha vida!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um bom Natal...

com muito amor, luz e felicidade! Boas energias e tenha fé sempre!

POEMA DO MENINO JESUS (Fernando Pessoa)

Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido." -
"Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.


Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.


Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.



Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

Alberto Caeiro

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"...Ela que me faz um navegador..."

Felicidade, euforia, música, uma baita chuva e muita diversão. Foi nesse clima que curtimos a chegada dos 5 anos dessa menina moleca que eu tanto amo. Maria Luísa, minha nega mais linda!

Algo que me fez rir muito foi o quão importante foi pra Malu fazer 5 anos, ela está se achando importantíssima por ter 5 anos. rs... Sem dúvida não foi um aniversário como os outros, talvez por ela entender melhor tudo isso ou porque essa idade tem mesmo uma magia especial... Ou um pouco de cada!

Bom, o fato é que é ótimo ser mãe de uma pretinha de 5 anos. Comemorei tanto quanto ela.


Só começando...











domingo, 13 de dezembro de 2009

Se todos fossem iguais a você... Que maravilha viver!!!

Felicidade maior do mundo pra minha Jovinha!



Vai tua vida
Teu caminho é de paz e amor
A tua vida
É uma linda canção de amor
Abre os teus braços e canta
A última esperança
A esperança divina
De amar em paz

Se todos fossem
Iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar, a sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar
Como o sol, como a flor, como a luz
Amar sem mentir, nem sofrer

Existiria a verdade
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você

(Tom Jobim e Vinicius)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Catavento e Girassol



Meu catavento tem dentro o que há do lado de fora do teu girassol
Entre o escancaro e o contido, eu te pedi sustenido e você riu bemol
Você só pensa no espaço, eu exigi duração
Eu sou um gato de subúrbio, você é litorânea

Quando eu respeito os sinais vejo você de patins vindo na contramão
Mas quando ataco de macho, você se faz de capacho e não quer confusão
Nenhum dos dois se entrega, nós não ouvimos conselho
Eu sou você que se vai no sumidouro do espelho

Eu sou do Engenho de Dentro e você vive no vento do Arpoador
Eu tenho um jeito arredio e você é expansiva, o inseto e a flor
Um torce pra Mia Farrow, o outro é Woody Allen
Quando assovio uma seresta você dança havaiana

Eu vou de tênis e jeans, encontro você demais, scarpin, soiré
Quando o pau quebra na esquina, cê ataca de fina e me ofende em inglês
É fuck you, bate bronha e ninguém mete o bedelho
Você sou eu que me vou no sumidouro do espelho

A paz é feita num motel de alma lavada e passada
Pra descobrir logo depois que não serviu pra nada
Nos dias de carnaval aumentam os desenganos
Você vai pra Parati e eu pro Cacique de Ramos

Meu catavento tem dentro o vento escancarado do Arpoador
Teu girassol tem de fora o escondido do Engenho de Dentro da flor
Eu sinto muita saudade, você é contemporânea
Eu penso em tudo quanto faço, você é tão espontânea

Sei que um depende do outro só pra ser diferente, pra se completar
Sei que um se afasta do outro, no sufoco, somente pra se aproximar
Cê tem um jeito verde de ser e eu sou meio vermelho
Mas os dois juntos se vão no sumidouro do espelho

Expectativas, minhas...

"...eu careço de que o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este mundo? Este mundo é muito misturado."

Guimarães Rosa

Grande Lula...

O cara é do povo, não tem frescura pra dar um abraço em um trabalhador. A imagem explica a alta popularidade do Lula e o desespero da elite brasileira.

O cara abraçado é um agricultor da região do Vale do São Francisco, super emocionado ao receber o documento da sua casa própria e um lote de terras para trabalhar.

Peguei a foto do blog do meu querido amigo e camarada paraense Diniz http://blogdodinizsena.blogspot.com/


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Caminhos...




"...Siga onde vão meus pés
Que eu te sigo também..."

Avaliação, diagnóstico ou punição?

Avaliação, prova, chamada oral, seminário. Essas e outras palavrinhas causam ou já causaram certo medo, um frio na barriga em todos nós.

Isso porque sempre nos disseram que os métodos utilizados para medir o quanto aprendemos era o fim, uma forma de impor medo e não um termômetro. Não se pensa avaliação como um instrumento para averiguar o que deu certo, o que precisa melhorar e como devemos fazer isso. A lógica é: se não for bem nessa prova, ferrou! Vou ser penalizado.

O fato é que não é esse o papel da avaliação, ela é fundamental em qualquer processo educativo. Mais do que isso, faz parte do processo contínuo de aprendizagem. Está conectada ao que foi construído, aos conteúdos trabalhados, aos assuntos discutidos. Através da avaliação pode-se ter noção do que precisamos modificar, tanto na estrutura quanto nos conteúdos e nas formas de transmiti-los.

Buenas, esse blá blá blá todo ocorre devido ao "boom" de avaliações externas que massacram as escolas e universidades. Sou super favorável a avaliar mas avaliação é coisa séria. Acho super preocupante a inversão que está acontecendo. Não existe um preparo, não se discute o contexto. Apenas se impõe esse monte de avaliações externas que vinculam o desempenho dos alunos a algum tipo de valorização para o professor ou para a instituição.

Na escola, os professores elaboram suas aulas em cima do que será cobrado no Saresp, treinam seus alunos para irem bem e se der tudo certo vão receber uma premiação, o tal do bônus. Pois é, quanto melhor o resultado da escola, melhor o bônus que os profissionais da escola recebem; na universidade, mudaram datas de entregas de trabalhos, os alunos tiveram aulas extras aos sábados (obrigatória!) para prepará-los para o ENADE. Como diz a música "...o mundo está ao contrário e ninguém reparou..."

E para completar, teremos também avaliações para os professores (efetivos e temporários) da rede estadual paulista. Não sou contra avaliar o professor. Seria uma incoerência.

Mas precisamos refletir melhor sobre o todo, o contexto.Como já disse vejo a avaliação como parte do processo. Logo pra avaliar um sujeito precisamos antes verificar as condições dadas para ele realizar o trabalho, se investimos em sua formação e não avaliar para punir. A prova pela prova? Não! Assim sou contra.
E minha contrariedade aumenta ainda mais quando a bibliografia (35 livros) para a prova que vai definir o futuro de uma quantidade enorme de professores é publicada menos de 2 meses antes da prova. Brincar com coisa séria é o fim. É desrespeito! Tenho visto medo no rosto e na fala de muitos colegas. Não daria pra ser diferente, José Serra e Paulo Renato estão jogando pesado para chegar onde querem. Precarização total, investimento mínimo e avaliações para punir!

Bom, 2010 promete muitos acontecimentos nesse quesito! Só espero não ter que andar de ponta cabeça pra enxergar direito.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Amor! Sim, mais uma vez o amor...

Não tenho habilidade com as palavras pra versar sobre o que hoje sinto. Lembrei da Cora, da Florbela e do Quintana. Eis ai, os poetas expressando o amor!

Poeminha Amoroso

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...

(Cora Coralina)


Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar!Amar!E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó,cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...


BILHETE

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
(Mario Quintana)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Desassossegada!



Os versos que vou escrever abaixo são de Fernando Pessoa. Desde a primeira vez que li me identifiquei muito com esses dizeres. Recomendo o Livro do Desassossego, é excelente pra sacodir geral e nos tirar do conforto que o sossego proporciona. rs... Não foi fácil encarar a leitura não mas me colocou pra pensar, refletir... E isso é sempre bom!

"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre, fixo os mínimos gestos faciais de com quem falo, recolho as entoações milimétricas dos seus dizeres expressos; mas ao ouvi-lo, não o escuto, estou pensando noutra coisa, e o que menos colhi da conversa foi a noção do que nela se disse, da minha parte ou da parte de com quem falei. Assim, muitas vezes, repito a alguém o que já lhe repeti, pergunto-lhe de novo aquilo a que ele já me respondeu; mas posso descrever, em quatro palavras fotográficas, o semblante muscular com que ele disse o que me não lembra, ou a inclinação de ouvir com os olhos com que recebeu a narrativa que me não recordava ter-lhe feito. Sou dois, e ambos têm a distância -irmãos siameses que não estão pegados."
(Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego Ed. Companhia das Letras - página 53)