terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Avaliação, diagnóstico ou punição?

Avaliação, prova, chamada oral, seminário. Essas e outras palavrinhas causam ou já causaram certo medo, um frio na barriga em todos nós.

Isso porque sempre nos disseram que os métodos utilizados para medir o quanto aprendemos era o fim, uma forma de impor medo e não um termômetro. Não se pensa avaliação como um instrumento para averiguar o que deu certo, o que precisa melhorar e como devemos fazer isso. A lógica é: se não for bem nessa prova, ferrou! Vou ser penalizado.

O fato é que não é esse o papel da avaliação, ela é fundamental em qualquer processo educativo. Mais do que isso, faz parte do processo contínuo de aprendizagem. Está conectada ao que foi construído, aos conteúdos trabalhados, aos assuntos discutidos. Através da avaliação pode-se ter noção do que precisamos modificar, tanto na estrutura quanto nos conteúdos e nas formas de transmiti-los.

Buenas, esse blá blá blá todo ocorre devido ao "boom" de avaliações externas que massacram as escolas e universidades. Sou super favorável a avaliar mas avaliação é coisa séria. Acho super preocupante a inversão que está acontecendo. Não existe um preparo, não se discute o contexto. Apenas se impõe esse monte de avaliações externas que vinculam o desempenho dos alunos a algum tipo de valorização para o professor ou para a instituição.

Na escola, os professores elaboram suas aulas em cima do que será cobrado no Saresp, treinam seus alunos para irem bem e se der tudo certo vão receber uma premiação, o tal do bônus. Pois é, quanto melhor o resultado da escola, melhor o bônus que os profissionais da escola recebem; na universidade, mudaram datas de entregas de trabalhos, os alunos tiveram aulas extras aos sábados (obrigatória!) para prepará-los para o ENADE. Como diz a música "...o mundo está ao contrário e ninguém reparou..."

E para completar, teremos também avaliações para os professores (efetivos e temporários) da rede estadual paulista. Não sou contra avaliar o professor. Seria uma incoerência.

Mas precisamos refletir melhor sobre o todo, o contexto.Como já disse vejo a avaliação como parte do processo. Logo pra avaliar um sujeito precisamos antes verificar as condições dadas para ele realizar o trabalho, se investimos em sua formação e não avaliar para punir. A prova pela prova? Não! Assim sou contra.
E minha contrariedade aumenta ainda mais quando a bibliografia (35 livros) para a prova que vai definir o futuro de uma quantidade enorme de professores é publicada menos de 2 meses antes da prova. Brincar com coisa séria é o fim. É desrespeito! Tenho visto medo no rosto e na fala de muitos colegas. Não daria pra ser diferente, José Serra e Paulo Renato estão jogando pesado para chegar onde querem. Precarização total, investimento mínimo e avaliações para punir!

Bom, 2010 promete muitos acontecimentos nesse quesito! Só espero não ter que andar de ponta cabeça pra enxergar direito.

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