domingo, 29 de novembro de 2009

Manhã de domingo e a Folha de S.P.

Ler jornal sempre foi um hábito em minha vida. Quando criança eu sempre acompanhava a leitura do meu pai. Ele assinava a Folha e aos domingos comprava o Estado. Ele tinha mania de recortar anúncios de empregos nos classificados. rs... Mesmo trabalhando, maluquice! Eu ficava brava porque achava que ele sairia do trabalho. Ele trabalhava na Fermata e vivia me trazendo discos de presente.

Essas lembranças são sempre boas mas o assunto hoje é sério. Lembrei apenas para demostrar o quanto sempre foi importante ler jornal.

A falta de tempo no dia-a-dia me faz dedicar as manhãs de domingo pra leitura de jornais. Impressos e virtuais, faço um apanhado das notícias semanais. E hoje não foi diferente, acordei e logo comecei minha leitura.

Sempre priorizei a Folha, acho que por costume, foi o jornal que assinei durante um bom tempo. Mesmo insatisfeita com o posicionamento deste jornal, o escolhia dentre os da grande imprensa.

Hoje encerro a priridade que sempre dei a Folha, tardiamente, talvez! Mas é isso, não compro, não entro mais na versão virtual e farei uma campanha contra.

Não tem condições de contribuir com o jornal da "ditabranda", de manchetes enganosas, enfim, que não tem o mínimo compromisso com a verdade, não investiga notícias e coloca em primeira página acusações pesadas.

Na última sexta, 27 de dez, a Folha publicou um artigo de Cesar Benjamim, onde este conta que o Lula já confessou pra ele ter feito um estupro. Nenhuma prova de nada, nenhuma investigação e assim como no caso do Dilma-sequestro uma irresponsabilidade!

Não dá! Fiquei pensando muito sobre os termos usados por Paulo H. Amorin: PIG (Partido da Imprensa Golpista) e PUM (Pensamento Único Midiático) e acho que a Folha está cada vez mais representando essas expressões, se perdendo neste jogo e se distanciando do jornalismo sério.

Os blogs tem um papel cada vez maior em informar e combater esse jogo sujo midiático. Falando nisso, Celso Lungaretti em seu blog (www.naufrago-da-utopia.blogspot.com) postou um bom texto sobre a entrevista da Falha (vou aderir ao termo usado por meu amigo Claúdio).


A nova infâmia da Folha.

Como jornalista, aprendi que nada é impossível. Então, depois de ler, estarrecido, o texto no qual o cientista político Cesar Benjamin acusava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de lhe haver relatado uma tentativa de estupro que teria cometido em 1980, resolvi esperar a evolução do caso antes de condenar inapelavelmente quem um dia já foi herói deste sofrido país.

Mas, a minha avaliação inicial foi das mais negativas. Dai haver afirmado claramente, em artigo escrito de batepronto, que o relato de Benjamin, da forma como foi apresentado, lhe valeria uma condenação como caluniador em qualquer tribunal.

Algo assim só seria aceitável com a corroboração da suposta vítima ou, pelo menos, das outras pessoas que ele afirmou estarem presente na conversa.

A edição de hoje (sábado, 28) da Folha de S. Paulo nada trouxe que verdadeiramente respaldasse a versão de Benjamin -- o qual não se manifestou, sequer.

E as reações vieram em cascata:

O publicitário Paulo de Tarso da Cunha Santos, citado por Benjamin, afirmou que "o almoço a que se refere o artigo de fato ocorreu", que "o publicitário americano mencionado se chamava Erick Ekwall", e que não houve "qualquer menção sobre os temas tratados no artigo";

O cineasta Sílvio Tendler, com melhor memória (a conversa aconteceu há 15 anos), diz ser o outro publicitário cujo nome Benjamin esqueceu e sugere que outorguem ao cientista político o "troféu de loira [burra] do ano" por não haver entendido "uma brincadeira, como outras 300" que o Lula fazia todos os dias;

Ex-companheiros de cela de Lula no Dops, José Maria de Almeida (PSTU), José Cicote (PT) e Rubens Teodoro negaram a tentativa de estupro, tendo Almeida acrescentado que não havia ninguém do Movimento pela Emancipação do Proletariado na cela e Cicote se lembrado vagamente de que um sindicalista de São José dos Campos seria apelidado de "MEP";

Armando Panichi Filho, um dois dois delegados do Dops escalados para vigiar Lula na prisão, disse nunca ter ouvido falar disso e não acreditar que tenha acontecido, mesmo porque, segundo ele, nem sequer havia "possibilidade de acontecer”;

O então diretor do Dops Romeu Tuma também desmentiu "qualquer agressão entre os presos";
o Frei Chico, um dos irmãos do presidente Lula, lembrou que a cela do Dops era coletiva e que nunca Lula ficou sozinho, pois estava preso com os outros diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (Rubão, Zé Cicote, Manoel Anísio e Djalma Bom);

Lula, de acordo com o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto de Carvalho, teria ficado triste e abatido, afirmando que isso era "uma loucura";

O próprio Gilberto de Carvalho qualificou a acusação de "coisa de psicopata" e recriminou a Folha por tê-la publicado;
O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, afirmou que o artigo é "um lixo, um nojo, de quem escreveu e de quem publicou";

O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, atribuiu "essa coisa nojenta" aos ressentimentos e mágoas de Benjamin, que algum tempo depois deixaria o PT, mas não por causa desse episódio;

O Frei Beto qualificou o artigo de "execrável" e disse que Lula, "ainda que não fosse presidente", mereceria respeito.

Ou seja, a tentativa de estupro não é confirmada por ninguém. Talvez tenha estado preso mesmo um sindicalista alcunhado de MEP. E Lula parece haver feito uma piada de mau gosto, como tantas outras que marcam sua trajetória de falastrão contumaz.

O certo é que não havia sustentação para a Folha publicar, p. ex., uma reportagem a este respeito. Não se acusa um presidente de tentativa de estupro com tão pouco.

Concedeu, entretanto, uma página inteira para Benjamin colocar essa bobagem em circulação, municiando a propaganda direitista.

Jornalisticamente, sua atuação é indefensável, desprezível, manipuladora.

Desceu aos esgotos, repetindo o episódio em que usou outro bobo útil de esquerda para tentar envolver a ministra Dilma Rousseff com um plano para sequestrar Delfim Netto que nunca saiu do papel.

Cesar Benjamin deveria ter aprendido a lição.

Agora, ou vem a público provar sua acusação, ou estará definitivamente morto para a política.

Quanto à Folha, já morreu para o jornalismo faz tempo.

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