terça-feira, 15 de setembro de 2009

Um breve descanso

Hoje pela manhã abri o blog para escrever sobre um assunto super sério. Alguns relatos sobre situações que envolvem a educação pública da rica São Paulo.
Pensei: Por onde começar? Qual dos relatos faço primeiro?

Pensei durante alguns minutos e quando vi já estava na hora de voltar pra sala de aula. Ficou para mais tarde...

O mais tarde chegou, estou aqui ainda sem saber por onde começar. Resolvi, então, deixar esse papo mais sério pra depois.

Vou dar um descanso pra minha cabeça, breve mas necessário. E nada melhor do que ler poesia pra me ajudar nisso. Escolhi Drummond pra começar.

Hoje são essas que mais me fizeram bem:

A hora do cansaço

As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.


Amor e seu tempo

Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.

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