terça-feira, 9 de março de 2010

A mídia tem lado!

A mídia tem lado, isso não é nenhuma novidade. Ficaria espantada e surpresa se tivessem uma postura diferente. Infelizmente não é de hoje que a mídia representa a elite brasileira e seus interesses. Interesses que estão bem longe de justiça social e igualdade para todos!

Depois de diversas tentativas de negociar com a Secretaria de Educação, os professores do Estado de São Paulo aprovaram na última sexta-feira(05demarço2010) uma greve. Não fico feliz por isso, acho que uma greve é sempre um desgaste mas não nos sobrou outra saída diante da truculência tucana representada aqui por José Serra e Paulo Renato. Hoje estamos no segunda dia de greve, muitas escolas paradas parcialmente. Alguns colegas ainda refletindo sobre qual será seu posicionamento mas TODOS estão muito insatisfeitos com o que está ocorrendo na educação paulista.

Quando entro em escolas para conversar com meus colegas professores sinto uma enorme força para continuar nesta luta, por uma educação melhor onde os professores serão valorizados mas também sinto o quanto meus colegas estão desacreditados e sem forças. Isto é resultado dessa política nefasta que está destruindo a educação e a esperança das pessoas.

E para piorar ainda mais, a mídia nos massacra. Como podem ver no editorial do Estadão de 09 de março de 2010 (texto abaixo). Um texto que deve ter sido enviado do Palácio dos Bandeirantes direto para a gráfica do jornal. Impressionante como essa mídia quer blindar o José Serra, esse texto falta com a verdade, omite informações importantes. Não era de se esperar outra coisa mas eu ainda assim fiquei indignada. E o pior, triste!

Mas na hora lembrei de uma reunião que fiz hoje pela manhã na escola, com pais e alunos. Lembrei do olhar de uma mãe falando sobre algumas propagandas que passam na TV sobre as melhorias que esse governo diz estar fazendo nas escolas. Ela, na sua simplicidade disse: "Eles mentem professora. Meus filhos estudam aqui e não tem nada disso." Sim! Eles mentem e não mentem sozinho! Tem todo um aparato midíatico para ajuda-los. Mas o povo não é bobo, a verdade sempre prevalecerá!

Sobre as mentiras e fatos omitidos no editorial:

- Não fazem 10 meses que ocorreu a nossa última greve. Esta ocorreu no final do primeiro semestre de 2008. E parte das reivindicações permanecem pois esse governo não atendeu.

- O governo não submeteu a contratação de temporários a concurso público, pelo contrário! Demorou um tempão para chamar o concurso e só abriu 10 mil vagas. Bem menos do que é necessário para acabar com essa contratação temporária.

- A avaliação por mérito que serve para aumentar o salário não vai atingir toda categoria. Tem uma série de restrições para o professor ter direito a fazer essa prova e dentre os aprovados o governo concederá aumento somente para ATÉ 20% de acordo com os recursos disponíveis. (ou seja, se quiser pode benceficiar somente 2%, 5% dos professores aprovados.)

- Fazer greve não significa "cruzar os braços" e sim se movimentar, e muito! Passar em escolas, conversar com a comunidade.

- Sobre ser ano eleitoral e o Serra ser um presidenciável, meu voto ele nunca terá! E estando em greve ou não farei campanha contra ele. Motivos não me faltam!

- Sobre a greve comprometer o calendário escolar e prejudicar a formação dos alunos. Um governo que não valoriza os professores, que não investe na educação e implementa uma aprovação automática dos alunos está preocupado com a formação desses jovens?

- O governo cobrou mais eficiência dos professores com uma avaliação em que o edital foi divulgado menos de dois meses antes da data da prova e com uma bibliografia de 30 títulos. Sendo que tudo isso ocorreu em época de fechamento de notas nas escolas. Essa avaliação pode medir a competência dos professores?

- E por fim, independente da greve, José Serra não poderá mesmo utilizar a educação como uma bandeira para se eleger! O povo não vacilará.






Greve política



Editorial do Estado de São Paulo de 09 de março de 2010



Dez meses depois de ter promovido uma greve contra as mudanças realizadas pelo governador José Serra no magistério público, que criou uma escola de formação, submeteu a escolha de professores temporários a concurso público e condicionou os aumentos salariais a avaliações de mérito, os 215 mil docentes das 4,5 mil escolas da rede estadual de ensino básico estão invocando o mesmo pretexto para cruzar os braços outra vez. Como 2010 é um ano eleitoral e Serra deverá anunciar em abril sua candidatura à Presidência da República, o sindicato da categoria ? a Apeoesp, que é filiada à Central Única dos Trabalhadores e há muito tempo age como um braço do PT ? está propondo a suspensão das aulas por "tempo indeterminado".

Tomada há apenas um mês após o início das atividades letivas de 2010, essa iniciativa pode comprometer o calendário escolar. E, mais grave ainda, pode prejudicar a formação dos 5 milhões de alunos da rede estadual, que continuam sendo utilizados como reféns de sindicalistas irresponsáveis. Entre o interesse público e os interesses corporativos, os líderes da categoria não parecem ter dúvida nem pudor.

A greve do professorado paulista não passa de encenação. No plano retórico, os grevistas defendem a "qualidade da educação" e acusam o governo estadual de ameaçar a "dignidade do magistério", ao cobrar mais eficiência da categoria. Na verdade, contudo, eles não admitem ser avaliados. E também não querem se submeter a concursos públicos nem a provas classificatórias. O que explica a repulsa da categoria a testes de avaliação é o fato de que, dos 181 mil docentes que se submeteram ao exame aplicado em dezembro de 2009, cerca de 88 mil não conseguiram alcançar a nota mínima para lecionar.

Em outras palavras, quase 50% dos candidatos foram reprovados, não tendo acertado metade das 80 questões apresentadas. E, como um quinto da nota final vinha de uma pontuação recebida pelos anos de serviço na rede escolar, o desempenho médio do professorado paulista pode ter sido ainda mais vexaminoso. Portanto, resistir às avaliações impostas pelo governo estadual e se opor à prova para escolha de temporários, sob a alegação de que elas são injustas e "discriminatórias", é apenas uma estratégia política para tentar esconder a falta de preparo de parte dos docentes.

O outro pretexto para a greve por tempo indeterminado proposta pela Apeoesp é de caráter salarial. Para estimular os docentes a se qualificar, o governo adotou uma medida amplamente utilizada nos países com altos índices de eficiência escolar, fixando um programa de promoção por mérito que prevê bônus e gratificações variáveis para até 20% dos professores mais bem colocados nas provas de desempenho aplicadas pela Secretaria da Educação. No entanto, o professorado quer receber ? sem qualquer avaliação ? um reajuste salarial de 34,3%, que também beneficiaria os docentes aposentados. Como sempre, a justificativa é a reposição da inflação ? além, é claro, da defesa do princípio da "isonomia de classe".

Essa pauta de reivindicações, como se vê, é requentada. Ela já foi usada pelo professorado para justificar não apenas protestos e greves, como também malogradas ações judiciais contra a política educacional do governo paulista. Por colocar sistematicamente os interesses corporativos à frente do interesse público, descumprindo leis e prejudicando o tráfego com passeatas, em julho do ano passado a 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo aplicou uma punição exemplar à Apeoesp, obrigando-a a pagar R$ 1,2 milhão de indenização para o Fundo de Interesses Difusos. Ao justificar o rigor da punição, o relator, desembargador Ênio Zuliani, afirmou que a entidade não era ré primária, tendo sofrido duas outras condenações judiciais. Segundo ele, a "conduta desafiadora" da Apeoesp não poderia ficar impune, sob pena de desmoralização da ordem jurídica e do princípio da autoridade.

Essa é a entidade que se diz "defensora da educação" em São Paulo. Na realidade, ao invocar a qualidade do ensino como justificativa para mais uma greve, ela quer apenas criar fatos políticos adversos para Serra e ofuscar uma das bandeiras que poderá utilizar em sua campanha.

Nenhum comentário: