sábado, 13 de novembro de 2010

As (in) verdades em torno do ENEM por Ana Paula Corti

As críticas ao ENEM predominaram na cobertura feita pelos veículos de comunicação nos últimos dias. De tão ácidas e raivosas, as reportagens chegaram, por vezes, a abandonar a razão sendo tomadas por verdadeiros ataques de fúria, deixando de cumprir o papel de informar os leitores, a partir de fontes de dados diversificadas e plurais, a respeito dos vários aspetos da questão. Não cabe aqui explorar os reais motivos que levaram a esta furiosa reação da grande imprensa ao ENEM, mas deixo a sugestão para que o leitor reflita sobre isso.
Neste espaço quero identificar e analisar duas “afirmações” que, de tão repetidas na cobertura jornalística, foram ganhando vida própria, tornando-se “verdades” inquestionáveis (a ocultação da parcialidade das opiniões e análises como se elas fossem a única análise possível é um recurso ideológico potente). Assim, criou-se uma espécie de naturalização do discurso sobre o ENEM, fundado em duas “supostas verdades”, que passo a comentar.
1ª (in)verdade: “Os estudantes já não confiam mais no ENEM”
O número de inscritos no ENEM de 2010 foi o maior de todos já registrados desde o ano de 1998, quando o exame foi criado: 4.611.441 candidatos. O mais interessante é perceber um novo ânimo e esperança nos alunos de escolas públicas, para disputarem uma vaga nas universidades públicas - um projeto que antes simplesmente estava ausente do horizonte destes jovens. Isso mostra que o ENEM tem potencial para democratizar o acesso à universidade pública no Brasil- uma mudança radical num país em que este espaço sempre foi reservado para as elites econômicas e intelectuais, que temiam, e ainda temem, a “invasão do povo” na universidade.
A “fabricação” da desconfiança e da incredulidade em relação ao ENEM é visível. Resta debater a quem interessa a desqualificação do exame. A mim, parece claro que tal desqualificação vai contra os interesses dos estudantes das classes sociais mais pobres do nosso país.
2ª (in)verdade: “Se a prova não for cancelada prejudicará todos os estudantes”
As opiniões e manifestações de estudantes não parecem corroborar com esta afirmação. A esmagadora maioria não parece ter sido prejudicada- uma vez que os erros foram localizados e afetaram cerca de 20 mil alunos. É inegável que esta parcela pode, legitimamente, estar insatisfeita e frustrada- o que é compreensível. Mas o que importa é garantir que eles possam refazer a prova em condições que permitam garantir a igualdade na disputa. E isso é possível através de um mecanismo metodológico previsto em várias avaliações de larga escala, inclusive no ENEM: a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Esta metodologia permite a comparação dos resultados ao longo do tempo, e também possibilita aplicar nova prova com o mesmo grau de dificuldade da anterior.
A reaplicação da prova para todos, num período de provas vestibulares, e considerando o caráter isolado das falhas, pode causar prejuízos exponencialmente maiores. E, certamente, impossibilitaria que algumas Universidades Federais considerassem o ENEM como critério de acesso às vagas. Mas uma vez cabe perguntar, a quem isso interessa?
A amarras ideológicas que nos prendem à superficialidade dos fatos impedem uma análise mais consequente da situação. Espero que o debate jurídico que vamos assistir nos próximos dias nos ajude a tornar a discussão mais complexa, pois ela merece. Quem sabe assim vamos ter a oportunidade de discutir, ao fim e ao cabo, a questão de fundo que permanece oculta: quais os impactos do ENEM na redistribuição das oportunidades educacionais na universidade pública? Ou dito de forma mais direta: Queremos que os jovens pobres entrem nas nossas boas universidades?

* Mestre em Sociologia, atuou dez anos na Ação Educativa como pesquisadora e coordenadora de projetos. Atualmente é docente no Instituto Federal de Educação de SP-IFSP

2 comentários:

Jo Meskita disse...

OI Val, oi Ana...
Xaudades de ambas....

Concordo com o q vc disse, mesmo pq vc flw sobre fatos e não só opniou, entretanto, me pergunto se com essa falha ainda veremos o ENEM como o principal meio de ingresso a faculdades, de toda forma, obviamente a MIDIA não ker q vejamos desta forma, ou como vc mesmo disse passaremos a invadir suas faculdades...


Xaudades da ambas, e mto mto mesmo da VAllllllll

bjs

Guilherme. disse...

olha nao vou comentar nada sobre o enem.vou comentar sobre vc mesmo.
hoje é seu dia e kero desejar tudo de bom.felicidades,parabens pra vc,muito tempo de vida nesta terra sagrada,much sucess,muito love,muita grana,muitos dias alegres,enfim,todas as coisas boas da vida.
de um admirador nothing secret.
beijo beijo
g.