quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A mulher de 30 anos

Nos últimos meses me interessei bastante por esse assunto. No período que antecedeu meus 30 anos tive um certo medo, passei por uma fase de muitas reflexões, um balanço geral da minha vida. Foi muito interessante e um tanto difícil, li muitas coisas sobre, conversei com amigos e amigas que passaram recentemente pelo tal "retorno de saturno". Olha, acho mesmo que esse tese é verdadeira, viu!
Bueno, diante dessa busca por informações comprei o livro do Balzac, A mulher de 30 anos. O início da leitura foi antes de fazer 30 anos. Li algumas páginas e parei. Talvez porque era um assunto que me incomodava. Depois do fato consumado isso mudou, não me incomoda mais ter 30 anos. Na verdade, eu estou adorando. Estou mais forte, sabendo mais o que quero da vida, respeitando as minhas limitações e as limitações externas. O tempo é um grande senhor e o passar desses 30 anos me fizeram um bem danado. Tem algumas coisas que só aprendemos com o passar do tempo. Não tem livro que ensine mais.
Esse ano voltei a ler Balzac e dessa vez terminei. É um bom livro, retrata a vida de uma mulher que se apaixona e se casa ainda jovem e com o passar do tempo (os 30 anos) ela começa a rever algumas coisas e percebe que não é feliz. A história se passa na França no período da Revolução.

Algumas passagens que achei interessante.

[...] seu instinto tão delicadamente feminino dizia-lhe que é bem melhor obedecer a um homem de talento do que dirigir um tolo, e que uma jovem esposa obrigada a pensar e agir como um homem, não é nem mulher nem homem, abdica a todas as graças do seu sexo, perdendo seus infortúnios, e não adquire nenhum dos privilégios que nossas leis entregaram aos mais fortes [...]

[...] A mulher de trinta anos a tudo satisfaz, e a moça, sob pena de não ser, a nada deve satisfazer. Essas idéias desenvolvem-se no coração de um jovem e nele compõem a mais forte das paixões, pois unem sentimentos fictícios criados pelos costumes aos sentimentos reais da natureza[...]

[...] nada é mais discreto do que um rosto jovem, porque nada é mais imóvel. O rosto de uma mulher jovem tem a calma, a polidez, o frescor da superfície de um lago. A fisionomia das mulheres só começa aos trinta anos. Até essa idade, o pintor só encontra em seus rostos o roseo e o branco, sorrisos e expressões que repetem um mesmo pensamento, pensamento de jventude e amor, pensamento uniforme e sem profundidade; mas na velhice, tudo na mulher fala, as paixões incrustaram-se em seu rosto; foi amante, esposa, mãe; as expressões mais violentas de alegria e da dor acabaram em mil rugas, todas com uma linguagem; e um rosto de mulher torna-se sublime de horror, belo de melancolia, ou magnífico de calma; se for permitido prosseguir essa metáfora estranha, o lago seco revela então vestígios de todas as torrentes que o produziram; um rosto de mulher idosa não pertence mais à sociedade, que frívola, fica assustada por nele avistar a destruição de todas as idéias de elegância às quais está habituada, nem aos artistas vulgares, que ali nada descobrem; mas, para os verdadeiros poetas, para aqueles que têm o sentimento de uma bela independência de todas as conveções sobre as quais se baseiam tantos preconceitos, ele constitui arte e beleza.

Um comentário:

Fábio disse...

Oi Valéria tudo legal.. estou passeando pelo seu blog e gostando muito do que leio, olha gostaria de convidá-la dentro de seu tempo a conhecer minha cozinha no blog Ecos em www.ecosdotelecoteco.blogspot.com .Grande abraço e sucesso aí tá..T +